Durante a pandemia observamos mudanças importantes de hábitos da população que alteraram ou estão alterando nossos padrões de vida em sociedade. A telemedicina que antes não era regulamentada passou a ser praticada gradativamente; devido a orientação para o isolamento social as pessoas se aproximaram mais no seio familiar criando novos hábitos de convivência. O home office que era praticado por apenas algumas corporações, hoje está consolidado em praticamente todas as empresas e veio para ficar. No varejo as vendas online foram um boom para maioria das empresas, em algumas companhias o crescimento das vendas online superaram a queda nas vendas que a empresa teve no canal direto ao consumidor.

Na Europa estamos observando a retomada gradativa das atividades e, certamente, em breve será a vez do Brasil. Está chegando o momento para desenrolar as velas, ajustar a rota e voltar a navegar.

Nós na Truth Finance vínhamos chamando a atenção dos gestores para não perderem a visão da empresa com a retomada dos negócios pós pandemia. Falamos muitas vezes, da importância em vencer os desafios da crise mas nunca se descuidando com o planejamento de longo prazo. 

Agora que devemos entrar em um novo ciclo, observamos que algumas empresas irão enfrentar dificuldades na retomar do volume de seus negócios, devido a falta de capital de giro. Durante a pandemia as empresas utilizaram todo ou grande parte do seu caixa para se manterem ativas, porém quando da retomada dos negócios esse recurso despendido lhes fará falta.

Frequentemente somos questionados por empresários e gestores sobre as linhas de crédito do BNDES e de outros bancos. A grande maioria das empresas gostaria de acessar as linhas de crédito do BNDES para giro com prazo de 5 anos, conforme amplamente anunciado na imprensa, e não conseguem. Outras  buscam linhas de capital giro diretamente junto aos bancos locais, com prazos de 36 ou 48 meses, mas também não estão conseguindo. Existe um sentimento de frustração no mercado.

Por outro lado, nos bancos observamos que as provisões de inadimplência cresceram significativamente com viés de alta para os próximos meses. Cabe salientar que o volume dessas provisões atingiu um nível recorde em nossa história. Com isso os bancos ficam mais receosos a realizar empréstimos, o crédito fica restrito à novas operações e o cliente é analisado com maior rigor. 

Nesse momento estamos em uma crise de confiança de como a empresa irá se portar neste novo cenário e quais serão os reflexos da pandemia na economia. Para tanto, sugiro aos gestores três pilares importantes a serem observados quando na busca de linhas de crédito:

  1. Seja o mais claro possível nas informações aos agentes financeiros:

Demonstre às instituições e bancos, através de relatórios econômicos/financeiros estruturados, a sua condição de honrar com seus compromissos atuais e futuros (capacidade de pagamento). Sempre buscamos, ao defender o crédito de nossos clientes junto aos agentes financeiros, elaborar relatórios e projeções detalhadas que demonstram a capacidade de pagamento da empresa. Com isso, trazemos credibilidade e visibilidade aos agentes financeiros sobre a empresa em análise e temos condições de pleitear crédito e prazo diferenciais.

  1. Estruture garantias

Em um momento de crise e confiança você precisa ter conhecimento e ser criativo para estruturar as operações que tragam maior segurança ao seu credor, por isso agregue garantias dando assim maior respaldo na operação.

  1. Outras alternativas de crédito

Seja estratégico na escolha de linhas de crédito de longo prazo através de outras soluções que ainda não foram implementadas pela empresa. Atualmente possuímos acessos a diversos fundos de investimentos, bancos e agências de fomentos com condições especiais, fundos de Family office, linhas de crédito direto com agentes externos com taxa de juros internacionais, entre tantos outros. Enfim, seja criativo.

Para alguns setores da economia o pior da crise já passou visto que o impacto foi pequeno ou até porque o seu setor reagiu mais rápido, como exemplo podemos citar os setores de: e-commerce, embalagem, alimentação, farmacêutico, agronegócio e setores correlacionados. Outros setores ainda levarão um pouco mais de tempo para retomar os negócios: turismo, transporte de passageiros, restaurantes, entre outros. Enfim, existem setores mais afetados e outros menos, mas todos devem ter uma atenção especial de como será a retomada dos seus negócios pós Covid-19. Fique atento para como será estruturado o capital de giro da empresa, suas linhas de crédito e sua gestão financeira para a retomada pós crise pandêmica.

Força e foco.

Gilmar Michels

Mais de 25 anos de experiência, com atuação na coordenação de negociação de dívida em Recuperação Judicial, e expertise na estruturação de operações financeiras diferenciadas, coordenação. Professor da Universidade Positivo em Finanças Avançadas. Atuou como CFO, CEO e conselheiro em empresas nacionais e multinacionais.

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